terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Como redigir a sua missão pessoal?

Minha primeira atividade de pesquisa foi certamente a mais difícil. Sem nenhuma dúvida, sofri mais na iniciação científica, feita no curso de graduação, do que na soma de mestrado e doutorado. E a razão é simples. Enquanto nas experiências mais recentes, eu sabia exatamente o que procurava e, inclusive, tinha um roteiro para me guiar em todas as etapas, na experiência inicial, contava apenas com uma vaga ideia dos objetivos e considerava desperdício gastar tempo com elaboração de projeto.

É certo que realizar pesquisa científica não é exatamente a mesma coisa que tomar decisões sobre a vida, com a toda a sua amplitude, incerteza e complexidade. Mas também é verdade que um pouquinho de clareza não faz mal a ninguém. Ter um bom plano não é garantia de obter os melhores resultados. Mas sem um bom plano é até difícil até avaliar o que foi obtido.

Assim, sugiro que você elabore uma espécie de declaração pessoal, uma versão escrita de sua missão, utilizando, se desejar, o roteiro que passo a descrever.

1. Identifique as pistas

Para descobrir ou criar a sua missão pessoal, é possível observar uma série de pistas. As seguintes perguntas podem ajudar:

a) O que você queria ser quando era criança? Com o que sonhava? Para onde seus pensamentos retornavam com freqüência?

b) Como você gostaria de estar e o que gostaria de estar fazendo aos 60 anos? E aos 70? E aos 80?

c) O que te inspira profundamente? Qual é o seu talento especial? O que atende a uma necessidade importante do mundo?

d) O que mudaria em sua vida ou em seus planos caso você ganhasse na loteria?

e) Se você pudesse imaginar o próprio velório, o que pensa que as pessoas diriam a seu respeito? Que características seriam mais mencionadas? De que tipo de marcas ou lembranças elas falariam?

f) Quais são os seus personagens históricos favoritos? O que eles têm de tão especial? O que eles têm em comum?

g) Com quem você tem passado momentos que poderão ser lembrados ao longo da vida? Quem são as pessoas mais importantes para você?

2. Separe um tempo para meditar

Pense na possibilidade de fazer seu próprio retiro. Se não tiver uma semana, tente ficar um dia inteiro. Se não tiver um dia, tente reservar algumas horas. Mas é importante ter um tempo tranquilo.

O problema de quem não consegue ficar sozinho é que também não sabe como estar entre as pessoas. O problema de quem não consegue ficar calado é que também não sabe como falar com as pessoas. E o problema de que não consegue parar é que também não sabe de onde vem ou para onde vai.

Gosto de uma frase atribuída a Jung: “A pressa não é do diabo; ela é o diabo”. 

Então, vá devagar. Experimente o silêncio. Fique sozinho.

3. Redija a primeira versão

O seu texto pode ser mais sintético ou mais extenso. Pode ser elaborado em prosa ou verso. Pode destacar os seus vários papéis e as prioridades em cada um. Ou pode apenas registrar o que você considera essencial. Mas o importante é que você o escreva. E o tenha sempre consigo. E cuide de revisá-lo sempre que desejar.

Nenhum comentário: